Medvedev ameaça posicionar mísseis na fronteira com a União Europeia

24/11/2011

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Moscou - A Rússia avisou nesta quarta-feira (23/11) ao Ocidente de que poderá posicionar mísseis nas fronteiras da União Europeia para contra-atacar as instalações de defesa que os Estados Unidos planejam instalar na Europa Oriental.

O presidente Dmitri Medvedev declarou que a Rússia está preparada para posicionar mísseis Iskander - que, segundo as autoridades, têm um alcance de 500 quilômetros - no encrave de Caliningrado, que faz fronteira com os membros da União Europeia, Polônia e Lituânia.

Usando uma retórica reminiscente da Guerra Fria, ele disse que os sistemas de armas também devem ser colocados no sul, próximo à Geórgia, inimiga russa, e à Turquia, membro da Otan, e usados para eliminar o sistema de defesa antimísseis.

Romênia e Polônia concordaram em receber parte de um escudo antimísseis renovado dos Estados Unidos, que Washington disse visar somente a estados "perigosos" como Irã, mas Moscou acredita que seu arsenal também seja um alvo.

A Turquia, membro da Otan, decidiu colocar um radar de alerta antecipado na base militar próxima a Malatya, no sul, como parte de um sistema de defesa antimísseis.

Se o Ocidente continuar com seus planos, a Federação Russa irá posicionar, no oeste e no sul do país, sistemas modernos de armas que poderiam ser usados para destruir o componente europeu da defesa antimísseis americana.

"Uma das medidas pode ser o posicionamento de sistema de mísseis Iskander em Caliningrado", disse Medvedev em um discurso televisionado.

Medvedev ordenou o Ministro de Defesa da Rússia a colocar imediatamente sistemas de radares em Caliningrado, que alertam sobre a aproximação de ataques de mísseis em um estado de prontidão de combate.

Ele disse que mísseis balísticos da Rússia poderiam superar os sistemas de defesa antimísseis, bem como "novas ogivas altamente efetivas".

A disputa sobre a defesa antimísseis tem sido um obstáculo contínuo para um "recomeço" nas relações entre a Rússia e os Estados Unidos e, para Medvedev, isso poderá ter um impacto na cooperação pelo desarmamento com seu ex-inimigo da Guerra Fria.

"Se a situação não se desenvolver bem, então a Rússia se reserva o direito de suspender outras medidas de desarmamento e os controles de armas correspondentes", declarou, falando diante de uma bandeira russa em sua residência.

Ele também disse que o problema pode levar a Rússia a deixar o Tratado de Redução Estratégica de Armas (Start) para reduções de armas nucleares com os Estados Unidos, que Medvedev assinou com o presidente Barack Obama em abril de 2010.

"Pode haver uma base para a saída do Start. Isso é permitido pelo próprio sentido de tratado", acrescentou Medvedev.

Os comentários linha-dura de Medvedev foram feitos depois de ele ter se encontrado com Obama e conversado, nos bastidores, durante um encontro no Havaí, no começo deste mês.

Eles também coincidem com a corrida das eleições legislativas dia 4 de dezembro, em que Medvedev está liderando a lista do partido Rússia Unida, no poder, em meio a um aparente crescimento do sentimento nacionalista no país.

Os avisos vieram justamente quando o primeiro-ministro Vladimir Putin, que, segundo analistas, vem seguindo linha mais dura na política externa e militar que Medvedev, se prepara para voltar à presidência nas eleições de 2012.

Medvedev recebeu o poder do seu mentor Putin, então presidente, em 2008 e junto com Obama agiu para fortalecer as relações Estados Unidos-Rússia, que haviam esfriado consideravelmente durante as presidências de Putin e George W. Bush.

A agência de notícias Interfax disse que o alcance de mísseis Iskander é de 280 quilômetros, enquanto autoridades russas disseram, no passado, que eles podem atingir alvos à distância de 500 quilômetros.

Caliningrado é parte da antiga região da Prússia Oriental que foi anexada pela União Soviética no fim da Segunda Guerra Mundial e um dos principais territórios estratégicos de Moscou.

Correio Brasiliense

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