A servidão moderna

23/11/2012

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No sistema de economia dominante, já não é mais a demanda que condiciona a oferta, mas a oferta que determina a demanda. Então é assim que de maneira periódica, surgem novas necessidades que são rapidamente consideradas vitais para a maioria da população: primeiro foi o rádio, depois o carro, a televisão, o computador e agora o telefone celular. Todas essas mercadorias, distribuídas massivamente em um curto lapso de tempo, modificam profundamente as relações humanas: servem por um lado para isolar os homens um pouco mais de seu semelhante e por outro a difundir as mensagens dominantes do sistema.
As coisas que se possuem acabam por possuir-nos.

Porém é quando se alimente que o escravo moderno ilustra melhor o estado de decadência em que se encontra. Dispondo de um tempo cada vez mais limitado para preparar a comida que ingurgita, ele se vê obrigado a engolir rápido o que a indústria agroquímica produz, errando pelos supermercados à procura dos ersatzes que a sociedade da falsa abundância consenti em dar-lhe. Aí a inda, só lhe resta a ilusão de escolha.  A abundância dos produtos alimentícios apenas dissimula sua degradação e sua falsificação. Não são mais que organismos geneticamente modificados, uma mistura de colorantes e conservantes, de pesticidas, de hormônios e de outras tantas invenções da modernidade. O prazer imediato é a regra do modo de alimentação dominante, também é a regra de todas as formas de consumo. E as consequências que ilustram esta forma de alimentação se vêem em todas as partes.



Mas é frente a indigência da maioria que o homem ocidental goza de sua posição e de seu consumismo frenético. Em vista disso, a miséria está em todos os lados onde reina a sociedade totalitária mercante. A escassez é o reverso da moeda da falsa abundância. E num sistema que promove a desigualdade como critério de progresso, mesmo se a produção agro-química é suficiente para alimentar a totalidade da população mundial, a fome nunca deverá desaparecer.






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