Internet no celular: mais fácil e barato

06/07/2011

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Estou satisfeita com meu celular com internet !


Acho que é por aqui mesmo. Com R$ 240,00 da compra do aparelho e mais R$ 15,00 por mês é possível ter acesso a internet. Simples, fácil, mais barato e de fácil acesso. O governo ainda pode contribuir isentando aparelhos dos impostos, mesmo que seja o modelo mais simples.



JULIANA LISBOA
Democratizar o acesso à internet por meio do telefone celular é o que pretende o movimento Letsfree, formado por um grupo de brasileiros. A ideia é facilitar a inclusão digital de todos - em todo o mundo - por meio da telefonia móvel. "Hoje é muito mais evidente a exclusão digital do que a inclusão", afirma o especialista em telecomunicações e tecnologia da informação Andreas Blazoudakis, que vê o celular como "um grande aliado no combate à exclusão digital", uma vez que o acesso a esses equipamento está disseminado ao redor do mundo - no Brasil, por exemplo, o número de aparelhos em uso já supera o de habitantes.
"Gratuidade ao usuário, simplicidade no uso e sem a necessidade de instalar nada no telefone", essas são as bases do Letsfree de acordo com Blazoudakis, um dos entusiastas do projeto. De acordo com ele, o principal motivo para a escolha do celular foi a mobilidade e ainda a duração da bateria, maior se comparada à de um notebook. "Outro ponto é que no mercado de smartphones começamos a ver uma pequena convergência de tecnologias, todos vão numa direção bem parecida. No passado, a vida dos desenvolvedores era um inferno, hoje basta desenvolver pra iPhone e Android que já dá pra sonhar com uma grande repercussão para uma aplicação", explica.
O grupo implantou 200 pontos de acesso à internet em lanhouses da periferia de algumas cidades do Brasil, como o Rio de Janeiro, até março de 2010. O projeto doou para os estabelecimentos antenas Bluetooth que permitem a usuários conectarem-se à rede através do celular. Segundo Blazoudakis, cada antena custa R$ 20 e tem um alcance de 50 a 100 m, o que permite o acesso de, em média, mil pessoas.
Elas também possibilitam que o conteúdo que é armazenado nos celulares - e produzidos pelos usuários, como fotos, por exemplo - , seja compartilhado e postado em redes sociais. Para Blazoudakis, o computador não basta para a inclusão digital. "Muita gente fica de fora. Com o celular, a integração é mais eficaz e mais barata."
Viagem
No mesmo ano, o grupo de pesquisadores saiu em uma viagem a bordo de um barco tecnológico que estimula e torna possível que todos possam se conectar à internet, livre de custo, usando seus telefones celulares. A ideia era "clamar por soluções mais baratas". Até 2008 Blazoudakis presidia uma empresa que tinha atingido cerca de 5 milhões de assinantes pagantes de serviços de celular, que haviam aceitado pagar R$ 4,99 por semana. "Seriam quase R$ 25 milhões de faturamento por semana não fosse o fato de que cerca de 95% dos assinantes nunca tinha crédito. Notei que alguma coisa estava errada, e passei a focar meus estudos para esses 95% de usuários que não têm crédito, e que ninguém dá bola. Parti de duas premissas básica: de procurar soluções simples, e de graça para o usuário. Por isso, mesmo sendo o fundador e presidente da empresa, fui estudar esse comportamento na Europa, morando num veleiro high-tech por um ano, entre França, Espanha, Gibraltar, Italia, Grécia e Turquia."
A proposta, segundo ele, era ver como os supostos países ricos se comportariam frente ao lema carregado pelo veleiro: "Letsfree, vamos libertar o conteúdo da internet no celular". O barco era equipado com quatro a seis computadores disponíveis para a interação do público, além de uma antena Bluetooth e uma série de outros equipamentos tecnológicos.
De volta ao País em novembro de 2010, Blazoudakis passou a trazer essa experiencia no convivio com os europeu para o Brasil, onde a aceitação é mais fácil. "Foi bem difícil chegar numa universidade da Turquia com camisetas estampando 'Letsfree'", conta.
Somar conteúdo da internet a celulares daria condições, conforme Blazoudakis, de criar serviços geolocalizados, "fazendo com que o cidadão tenha acesso a serviços mais inteligentes e de maior relevância naquele local". O ativista tecnológico diz que tem estudado uma maneira de disponibilizar serviços inteligentes e geolocalizados mesmo que o usuário esteja "offline", ou sem cédito, já que é "somente assim conseguiremos massificar este tipo de serviço. Quero ajudar os 95% dos usuários que não têm condições de pagar nem 50 centavos por dia pra acessar a internet."
Hoje já são mais de 4 mil pontos de acesso, entre lanhouses e estabelecimentos comerciais, em todo o Brasil, que receberam a doação de uma antena Bluetooth pelo Letsfree.

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