Delírio romântico num sábado com tosse.
Cada dia mais me convenço que a arte é dádiva, doação.
Recebemos a inspiração num insight e em seguida a transformamos em arte para dádiva e doação, aos que dela vão desfrutar.
Num sistema competitivo pelo sucesso e pelo dinheiro, a busca pela inspiração - que pressupõe silêncio; quietude; humildade; paz ciência... cede lugar ao burburinho e grasnar das produções artísticas das mais vazias; para consumo imediato, e que não buscam sequer sublimar a humanidade em sua função.
Produz-se “arte” como tênis; batatas-fritas, ou pneus; para o marketing de empresas, e para o bolso dos captadores que compreendem como ninguém os meandros das tais leis. Especializaram-se em prometer aos mercadores, o seu quinhão.
No contemporâneo campo do humor não poderia ser diferente.
A juventude que faz humor , com raras exceções, lança-se desesperada no único valor que lhe sobrou pós ditadura: o dinheiro, o sucesso e a fama imediatos e a qualquer preço.
Mesmo que o preço seja um humor vazio, descompromissado com o social e o político, mesmo que o humor seja tão reacionário capaz de fazer rir ao Bolsonaro, seus familiares e afins.
Este humor, como a arte e a ciência para consumo, não permanece. Quem se lembrará dele daqui a alguns tempos?
Quantas matérias “científicas” você leu nesta semana sobre obesidade, enfarto, avcs, colesterol, sistemas planetários, amebas etc. etc..
Diga agora, sem pestanejar, que peça de besteirol você viu ou se lembra? Uma? Duas no máximo? Vai lembrar-se apenas das que foram feitas inspiradas na doação ao próximo e não na busca do dinheiro e do sucesso.
A arte enquanto doação retornará doações. Uma alma – anima - percorre este mundo das doações.
Esta anima - feminina, mater criadora, gestadora - não espera gratidão ou retribuições.
Apenas explode em criatividade. E tudo mais lhe é dado em medida calcada e recalcada.
O dinheiro e o sucesso são mercuriais, quanto mais se tenta pega-los mais eles fogem de ti.
Que desespero para os individualistas: dinheiro e sucesso são conseqüências de conquistas afetivas, afeto que vem do ato generoso da doação, da dádiva, do que recebemos de Graça e por Graça repassamos.
E viva o Barão de Itararé, cujo humor o dinheiro não apagou.
Por isso te amo, BV querido.
ResponderExcluirSem doação não existe afeto, sem afeto não há humanidade.
Nossa civilização surgiu à partir da necessidade do encontro por mil motivos e se tornou civilização por causa do desejo de construir coletivamente uma idéia de união com um propósito.
O xópim, certamente, não era um desses propósitos.
Por essas vitrines vazias de conteúdo afetivo, consolo dos que não sabem mais gozar com o outro o prazer de viver, pousam cartazes do besteirol - o consolo dos que fingem rir.
Por sorte da Humanidade, querido, nós rimos deles.
Um beijo!
Pois é Bem Vindo!
ResponderExcluirPura inversão de valores!
Arte ¨monetizada¨ parece querer banalizar artistas que fazem ARTE por
amor, paixão, doação...,é tão raro que as pessoas se espantam quando o ARTISTA diz que não está ganhando... Pensam que tem algo por trás daquilo.
Senti essa dúvida no ar em um twitcam seu quando te pergutaram se estava ganhando... e você disse que aquilo ( twitcam ) é uma doação.
Felizmente nem todos foram corrompidos.
Pra nossa alegria ainda existem BemVindos que nos presenteiam com sua doação/Arte!
Beijo e Sucesso!
Bemvindo, muito bom ler o artigo que você com muita sensibilidade e sabedoria escreveu. Obrigado e que Deus, não o do trono, mas aquele contido na inteligência das partículas sub-atômicas, te dê, muita saúde, paz e amor.
ResponderExcluir