(Replicado do blog do Vinicius Moraes - associado da Rede LIberdade)
Seu nome?
- Eduardo Collen Leite
Seu "crime"?
- Lutar pela liberdade, em um país comandado por forças militares.
Até o início desta semana, eu não sabia da história de Eduardo (foto), conhecido na resistência ao governo militar como "Bacuri", entre outros codinomes que adotara na tentativa de preservar sua identidade.
Meu desconhecimento da história desse jovem responde a questão formulada pelo articulista do jornal "O Rebate", Ciro Campelo Oliveira: como milhares de brasileiros, não estudei sobre Eduardo Collen Leite na 5ª, na 6ª ou em qualquer outra série. No início dos anos 80, ensinavam-nos apenas sobre Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias.
Será hoje diferente?
Assim, em função da versão publicada nos livros didáticos, somente agora - mais de vinte anos após concluir o ensino básico - descobri que, nos dias que antecederam a sua execução, Eduardo era arrastado por seus algozes, uma vez que, em decorrência das sessões diárias de tortura às quais era submetido, ele já não conseguia sequer se manter em pé.
Apesar de tanta brutalidade, nenhum companheiro foi delatado por "Bacuri". Do mesmo modo, apesar da força descomunal, os militares não conseguiram arrancar de Eduardo nenhuma informação relevante sobre a organização que ele integrava.
Além da barbárie nos porões, o assassinato de Eduardo Collen Leite é mais uma evidência da imbricação dos órgãos de repressão e de alguns veículos de imprensa no Brasil.
No dia 25 de outubro de 1970, jornais do país divulgaram a nota oficial do DEOPS/SP (Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo), informando que Eduardo Leite fugira da prisão. A notícia foi mostrada a presos políticos - e ao próprio Eduardo - e todos sabiam que, desse modo, estava decretada a sua morte!
Menos de dois meses depois, no dia 8 de dezembro, o extinto jornal "Folha da Tarde", do grupo "Folha", destacou - em sua capa - a versão "oficial" divulgada na véspera pelos militares - e que foi desmentida anos depois, com a abertura dos arquivos do DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) -, de que Eduardo morrera em um troca de tiros com a polícia:
Na noite desta terça-feira, 7 de dezembro de 2010, em uma sessão solene na Câmara Municipal de São Paulo, Eduardo Collen Leite ("Bacuri") recebeu, in memoriam, o título de cidadão paulistano.
Quando "Bacuri" morreu, sua esposa - a companheira de lutas Denize Crispim - estava grávida. Hoje, ela e a filha que Eduardo foi impedido de conhecer participaram da solenidade. Em seu próprio nome, Eduarda carrega a memória do pai, que enfrentou com extrema coragem o governo militar instalado no Brasil a partir de 1964.
Parabéns aos vereadores Ítalo Cardoso (PT) e Juliana Cardoso (PT), autores do projeto do Decreto Legislativo que concedeu o título de cidadão paulistano ao bravo Eduardo.
Mais um bravo brasileiro oculto pela história oficial
Há exatas quatro décadas, um jovem de 25 anos foi brutal e covardemente assassinado no estado de São Paulo.
Antes, porém, o rapaz foi torturado - diariamente - durante 109 dias.
Antes, porém, o rapaz foi torturado - diariamente - durante 109 dias.
Seu nome?
- Eduardo Collen Leite
Seu "crime"?
- Lutar pela liberdade, em um país comandado por forças militares.
Até o início desta semana, eu não sabia da história de Eduardo (foto), conhecido na resistência ao governo militar como "Bacuri", entre outros codinomes que adotara na tentativa de preservar sua identidade.
Meu desconhecimento da história desse jovem responde a questão formulada pelo articulista do jornal "O Rebate", Ciro Campelo Oliveira: como milhares de brasileiros, não estudei sobre Eduardo Collen Leite na 5ª, na 6ª ou em qualquer outra série. No início dos anos 80, ensinavam-nos apenas sobre Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias.
Será hoje diferente?
Assim, em função da versão publicada nos livros didáticos, somente agora - mais de vinte anos após concluir o ensino básico - descobri que, nos dias que antecederam a sua execução, Eduardo era arrastado por seus algozes, uma vez que, em decorrência das sessões diárias de tortura às quais era submetido, ele já não conseguia sequer se manter em pé.
Apesar de tanta brutalidade, nenhum companheiro foi delatado por "Bacuri". Do mesmo modo, apesar da força descomunal, os militares não conseguiram arrancar de Eduardo nenhuma informação relevante sobre a organização que ele integrava.
Além da barbárie nos porões, o assassinato de Eduardo Collen Leite é mais uma evidência da imbricação dos órgãos de repressão e de alguns veículos de imprensa no Brasil.
No dia 25 de outubro de 1970, jornais do país divulgaram a nota oficial do DEOPS/SP (Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo), informando que Eduardo Leite fugira da prisão. A notícia foi mostrada a presos políticos - e ao próprio Eduardo - e todos sabiam que, desse modo, estava decretada a sua morte!
Menos de dois meses depois, no dia 8 de dezembro, o extinto jornal "Folha da Tarde", do grupo "Folha", destacou - em sua capa - a versão "oficial" divulgada na véspera pelos militares - e que foi desmentida anos depois, com a abertura dos arquivos do DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) -, de que Eduardo morrera em um troca de tiros com a polícia:
Na noite desta terça-feira, 7 de dezembro de 2010, em uma sessão solene na Câmara Municipal de São Paulo, Eduardo Collen Leite ("Bacuri") recebeu, in memoriam, o título de cidadão paulistano.
Quando "Bacuri" morreu, sua esposa - a companheira de lutas Denize Crispim - estava grávida. Hoje, ela e a filha que Eduardo foi impedido de conhecer participaram da solenidade. Em seu próprio nome, Eduarda carrega a memória do pai, que enfrentou com extrema coragem o governo militar instalado no Brasil a partir de 1964.
Parabéns aos vereadores Ítalo Cardoso (PT) e Juliana Cardoso (PT), autores do projeto do Decreto Legislativo que concedeu o título de cidadão paulistano ao bravo Eduardo.
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